Destaques
Acervo do Centro Cultural da Caloura
O Centro Cultural da Caloura mostra, nesta sua primeira exposição, um acervo de pintura, escultura, gravura (água forte, litografia, xilogravura), desenho e colagem que foi reunido pelo pintor Tomaz Vieira quer por herança familiar quer por trocas com colegas, amigos e alunos quer ainda por aquisição em leilões e exposições.
Sendo que Tomaz Vieira coleccionador é também pintor, é o seu percurso de artista e professor que dá sentido à colecção, uma vez que esta se desenvolveu em função dos papéis que os artistas aqui representados desempenharam em relação a Tomaz Vieira: mestres, discípulos, colegas quase todos amigos. Assim, para quem visita esta exposição é possivel estabelecer uma linha cronológica que se detém nas décadas 60/70, período de grande produção, para voltar a assinalar um grande número de obras na década de noventa e primeiros anos deste século.
A maioria dos artistas aqui representados corresponde já a nomes de referência obrigatória na história da arte do século XX, em Portugal.
Correndo o risco de ser injusta para com os não nomeados, gostaria de destacar: Simões de Almeida, Canto da Maia, Bartolomeu dos Santos, Noronha da Costa, Eduardo Nery, Ana Vieira e Jorge Martins. De uma geração mais nova, gostaria de chamar a atenção para os seguintes artistas: Fernando Calhau (prematuramente desaparecido), Sofia Areal e Sara Maia.
Dos artistas açorianos, temos uma representação exaustiva, com especial incidênia em dois grupos cronologicamente distintos: os artistas da geração do pintor Tomaz Vieira, como por exemplo, José Nuno da Câmara Pereira, Carlos Carreiro, França Machado, Álvaro França e, embora mais novo, Luís França e, noutro grupo, os artistas ainda mais jovens, como Urbano, Ricardo Lalanda, Filipe Franco, Carlos Mota, Nina Medeiros, Maria José Cavaco ou Victor Almeida.
Algumas das peças aqui expostas poderão não ser as obras mais representativas da produção de cada artista, mas são, certamente, obras autênticas e, por isso, constituem um pretexto, um ponto de partida para despertar o interesse do visitante pelas artes plásticas. Neste sentido, a biblioteca da História da Arte a disponibilizar neste Centro, em suporte de papel e em suporte digital, prestará seguramente um grande serviço de informação e divulgação. Não posso de deixar de sugerir uma visita ao CCC na companhia do próprio Tomaz Vieira, que, balanceando entre o coleccionador e o pintor, conta histórias de outros artistas, refere as suas angústias, as suas capacidades, as peripécias e os desentendimentos, invocando sempre os afectos.
por: Fátima Mota